❣️Os recém-nascidos deixam uma situação de circulação em paralelo com baixa resistência vascular sistêmica e alta resistência vascular pulmonar na vida fetal para uma circulação em série, em que o débito cardíaco de ambos os ventrículos deve ser igual, na presença de uma alta resistência vascular sistêmica.
❣️Essas mudanças circulatórias que ocorrem após o nascimento podem demorar de dias a semanas para se completarem, principalmente nos prematuros, por causa de uma inabilidade de as comunicações presentes na vida fetal se fecharem prontamente.
❣️Assim, a persistência do canal arterial (PCA), a persistência de altas pressões pulmonares e a incapacidade do miocárdio imaturo de bombear sangue contra uma resistência vascular sistêmica, repentinamente alta, podem levar a uma redução transitória do fluxo sanguíneo sistêmico e alterar a hemodinâmica desses pacientes.
❣️Além disso, a presença de anomalias cardíacas estruturais ou de alterações extracardíacas, como sepse ou hérnia diafragmática, é tolerada de forma diferente nessa faixa etária.
❣️A fisiologia transicional da circulação cardiovascular no período neonatal faz com que esses pacientes precisem ser avaliados como um grupo à parte.
❣️As razões mais comuns para realização do ecocardiograma no período neonatal são para reconhecer ou excluir doenças cardíacas congênitas estruturais em pacientes com: sopro cardíaco, alteração do teste do coraçãozinho, pacientes em choque, hipoxêmicos, em insuficiência respiratória ou com múltiplas malformações.
❣️Seguidas pelas anomalias funcionais, como avaliação da persistência do canal arterial, da hemodinâmica pulmonar e da função cardíaca.
❣️A avaliação ecocardiográfica de pacientes internados em unidades de terapia intensiva neonatal se justifica, inclusive de forma evolutiva, como um fator de mudanças específicas no manejo clínico do neonato.
Critérios de indicação
Classe I: condições para as quais há evidências conclusivas ou consenso geral de que o exame é útil e seguro
Ecocardiograma fetal e/ou obstétrico alterado ou duvidoso para malformação cardíaca
Sopro cardíaco patológico ou outras anormalidades na ausculta cardíaca
Cianose central, insuficiência cardíaca, choque cardiogênico, desconforto respiratório
Assimetria de pulsos e/ou gradiente de pressão arterial entre membros superiores e inferiores
Cardiomegalia ao exame radiológico de tórax ou encontros anormais sugestivos de doença cardíaca
Suspeita clínica de canal arterial patente
Avaliação do significado hemodinâmico do PCA, seguimento dos efeitos da terapêutica
Avaliação evolutiva do neonato submetido à cirurgia para fechamento de canal arterial com instabilidade hemodinâmica
Asfixia perinatal com alteração hemodinâmica e/ou alteração de biomarcadores
Suspeita de hipertensão pulmonar
Avaliação evolutiva da hipertensão pulmonar em tratamento medicamentoso
Fenilcetonúria maternal
Avaliação morfológica e funcional no pós-operatório de cirurgia cardíaca
Avaliar derrame pericárdico e impacto hemodinâmico e guiar procedimentos intervencionistas
Identificar posição do cateter venoso central e suas complicações (trombose e infecção)
Síndromes associadas à doença cardiovascular
Anomalias extracardíacas
Anomalia da posição cardíaca ou do situs
Cirurgia cardíaca corretiva ou paliativa
História de hidropisia fetal
Hipotensão
Avaliação da posição das cânulas do suporte de vida extracorpóreo, manutenção e desmame da ECMO
Classe IIa: Evidências ou opiniões favoráveis ao exame
Infecção materna durante a gestação ou parto com potencial sequela cardíaca fetal ou neonatal
Doença sistêmica materna associada à conhecida anomalia neonatal
Exposição materna a teratógenos
Dificuldade de crescimento na ausência de anormalidades clínicas definidas
Disfunção autoimune materna
Classe IIb: utilidade e/ou segurança menos bem estabelecidas, havendo opiniões divergentes.
Diabetes materna sem ecocardiograma fetal ou com ecocardiograma fetal normal
Dificuldade de crescimento na ausência de anormalidades clínicas definidas
Fonte: Posicionamento sobre Indicações da Ecocardiografia em Cardiologia
Fetal, Pediátrica e Cardiopatias Congênitas do Adulto – 2020
Departamento de Imagem Cardiovascular (DIC) da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) e Sociedad de Imágenes Cardiovasculares de Sociedad Interamericana de Cardiología (Sisiac, Siac)